segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Se beber, não se deite!

O corpo principia a acordar, assim como a consciência começa a retornar, embora eu ainda estivesse de olhos fechados.
Caraca! Que dor de cabeça! Meu Deus! Que quarto é esse? Isso, Karin, enche o latão de tudo que é bebida e agora quero ver. Ou melhor, não quero nem ver!
Caramba! Quem é esse aí do lado? Cadê as roupas dele? Ai meu Deus! Cadê minhas roupas? Puta que o pariu!  Será que rolou alguma coisa? Não me lembro de nada! Assim sem me mexer muito começo a olhar em volta à procura das minhas roupas.
Já pensou se o cara acorda e eu tô assim?
Ui! Jesus me abana! Mas que bundinha, hein? Pena que não lembro de nada... será que vou lembrar?
Vixe, tá virando pra cá! Por favor, Deus, que ele não acorde, que ele não acorde! Não vou saber o que falar, o que fazer!
E fiquei quietinha, de olhos fechados, esperando o que viria a seguir.
Ufa! Tá dormindo!
Olho aquele rosto tentando buscar na memória saber quem era. Nada! Nem uma pista! Mas o cara é bonitão, rosto quadrado, barba de uns dois dias, peito com pelos. Sim porque homem sem barba e sem cabelo no peito convenhamos que é moleque ainda. Será que eu olho mais para baixo? Quando eu ia me imaginar pelada na cama com um estranho também pelado? Meu Deus! Como isso foi acontecer?
Espio com o rabo do olho. Nossa! Deve estar precisando ir ao banheiro porque se não for isso ... Caraca! Como não me lembro de nada?! Disso eu ia me lembrar! Ah se ia!  
Bom, no conjunto da obra penso que me dei bem porque o rapaz não é de se jogar fora. Logo me vem à mente a musiquinha: Moreno alto, bonito e sensual / Talvez eu seja a solução dos seus problemas / Carinhoso, bom nível social...
E agora? Saio correndo? Espero ver o que vai rolar? Afinal, pelada na cama com um cara também pelado falando do tempo é que a gente não ficou! Será que foi bom?  Camisinha! A porra da camisinha! Ai meu Deus! Tomara que um dos dois tenha sido responsável. Ele, né? Porque eu nem me lembro como vim parar aqui. Dizem que Deus protege os bêbados e as criancinhas... Ô de cima, conto com vc!
Já sentada na cama acho minhas roupas jogadas no chão entre o banheiro e a cama. Vou puxando devagarzinho uma das cobertas para me enrolar e assim ir pegando minhas roupas no chão. Afinal de contas só faltava o estranho acordar e dar de cara comigo na posição em que Napoleão perdeu a guerra!
Quando chego na porta do banheiro – nossa! – que fedor! O banheiro estava vomitado de fio a pavio! Daí que a visão desse inferno começou a avivar a minha memória: esse bolçado todo era meu!
Ai agora tá ficando mais claro! Festa da Leia, vim sozinha, combinada de encontrar com a Deinha na festa. É isso! A filha da mãe não apareceu, liguei, liguei e nem me atendeu! Já ia embora porque não conhecia ninguém quando a Leia resolveu me apresentar para algumas pessoas. Chaaaatas! Gente esquisita para caramba!
- Não vai embora, hein? – pediu-me a anfitriã. Assim fui ficando e bebendo, bebendo e bebendo. Ah, o barman era bonitão e fazia cada drinque! Pera! Como era a cara dele mesmo? Será que esse cara aí é o barman?
Nossa! Mas que lugar é este? Lembrei! Esse cara é o barman! A gente saiu da festa e veio para outra festa numa mansão, com um portão de ferro enorme e seguranças. Entramos pelos fundos, procurando pelo, pelo ... Marcos. Ou seria Mário? Não importa! Só pode ser aqui!
Nossa, que complicado! Como a gente veio parar neste quarto? Meu Deus! Será que tinha uma terceira pessoa aqui? Um ménage? Não! Nem em coma alcoólico eu toparia isso! Não pode ser!
Assim, fechei-me no banheiro e com a mangueirinha do chuveiro comecei a lavar tudo para poder usar.
Que delícia de ducha! Era tudo que eu precisava! Depois de uma xícara de café bem forte aposto que minha memória volta! Mas primeiro vou sair de mansinho deste lugar.
O grande problema é que a ideia do ménage não me saía da cabeça! Já ter feito sexo com um completo estranho era muito constrangedor, pensar num ménage então... Melhor ir embora rapidinho!
Nem bem abro a porta do banheiro e dou de cara com aquele monumento de pé, acordado.
-Você ainda está aqui?
- É, pois é. Mas já estou indo embora...
E coçando o saco ele retrucou:
- Você estava doidona ontem! Entrou aqui feito uma louca, botou os bofes para fora no banheiro, já saiu de lá arrancando as roupas e se enfiando na cama...
- É?
- Você não se lembra de nada, né?
- Olha, para dizer a verdade não. Você é o barman?
- Não!
- Não?! Cadê o barman?
- Sei lá! Já deve ter ido embora.
- Ai meu Deus! Eu não fiz isso! Eu não me lembro!

Completamente em pânico, saí correndo e agora nem queria mais me lembrar de nada... 

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